Os metais e a saúde humana
Os íons metálicos são necessários para muitas das funções vitais
do organismo humano. A ausência de alguns deles pode ocasionar
sérias doenças, tais como: anemia, por deficiência de ferro;
retardamento do crescimento de crianças, por falta de zinco; e má
formação óssea em crianças, por falta de cálcio. Alguns metais e
semi-metais, por sua vez, quando presentes no organismo humano,
podem causar intoxicações. São exemplos clássicos: o arsênio, o
chumbo, o cádmio e o mercúrio. Neste artigo, são apresentadas
algumas das funções desempenhadas por metais essenciais para o
corpo humano, assim como os principais alimentos necessários em
nossa dieta alimentar, que contém estes metais
Grande parte dos elementos químicos que compõem a tabela periódica
está presente no organismo humano. Tais elementos aparecem de
forma combinada nas mais variadas substâncias, desempenhando
diferentes funções. É interessante destacar que tais substâncias
estão em contínuo estado de rotatividade, sendo formadas e
consumidas a velocidades que variam de frações de segundos até
anos. Um homem adulto, de 70kg, apresenta em seu organismo cerca
de 7kg de hidrogênio, 12,6kg de carbono, 2,1kg de nitrogênio,
45,5kg de oxigênio (este é o elemento químico mais abundante no
nosso corpo), 700g de fósforo, 175g de enxofre, 105g de sódio,
140g de potássio, 1,0kg de cálcio, 35g de magnésio, 2,3g de zinco
e 4,2g de ferro.
Tratando-se particularmente dos metais e de suas funções no corpo
humano, destaca-se o cálcio, presente nas estruturas ósseas e no
esmalte dos dentes, na forma de hidroxiapatita, Ca5(PO4)3(OH). O
sódio e o potássio contribuem para o balanço osmótico em membranas
celulares, e o ferro está presente na estrutura de uma molécula
conhecida como hemoglobina, responsável pela absorção e transporte
de oxigênio no sangue.
É importante destacar, ainda, vários outros metais, sem os quais a
vida humana não existiria. Entre eles estão o crômio, o manganês,
o cobalto, o níquel, o cobre e o molibdênio, envolvidos em
processos metabólicos que regulam a produção de energia e o bom
funcionamento do corpo humano.
A falta ou o excesso de metais ou de quaisquer outros elementos
químicos pode ser prejudicial à saúde. Ou seja, um desequilíbrio
na concentração de alguns destes elementos pode levar a pessoa à
morte. Como manter, então, o equilíbrio e o bom funcionamento do
nosso corpo sem acúmulo ou escassez dos elementos essenciais? A
resposta é, evidentemente, muito simples, e por muitos já
conhecida: basicamente, com uma alimentação balanceada. Os
principais metais presentes no corpo humano e algumas de suas
fontes alimentícias são:
· cálcio: leite e queijos;
· sódio: carnes, manteiga e peixes;
· potássio: frutas secas, nozes, carnes, vegetais e peixes;
· magnésio: cereais e verduras;
· ferro: fígado, carnes, ovos, cereais e frutas;
· cobre: fígado, nozes e frutos do mar;
· cobalto: ervilhas e feijão;
· zinco: fígado, gema de ovo, queijos e carnes;
· manganês: cereais, nozes, café e farinha;
· crômio: carne de boi e fígado;
· molibdênio: trigo, cevada, aveia e fígado bovino;
· níquel: espinafre e nozes.
Entre os metais e os semimetais que causam graves distúrbios ao
organismo quando absorvidos, podem ser citados o arsênio, o
chumbo, o mercúrio e o cádmio. O arsênio pode ser absorvido pelo
organismo através do sistema gastrointestinal, causando graves
doenças cardiovasculares, renais, intestinais e até a morte. De
forma mais abrangente e, infelizmente, tão prejudiciais à saúde
quanto o arsênio, estão os chamados metais pesados. O chumbo, por
exemplo, pode causar intoxicação basicamente através da absorção
pelo sistema gastrointestinal e pelas vias respiratórias. Provoca
distúrbios neurológicos (dores de cabeça, convulsões, delírios e
tremores musculares), gastrointestinais (vômitos e náuseas) e
renais. Elevadas concentrações de chumbo podem levar à morte.
O mercúrio causa intoxicações nas suas três formas: o mercúrio
metálico, os sais de mercúrio e os compostos organomercúricos.
Assim como no caso do chumbo, suas principais vias de absorção são
o sistema gastrointestinal e o sistema respiratório. Quando
absorvido, o mercúrio pode causar danos neurológicos e
respiratórios, disfunções renais e gastrointestinais, distúrbios
visuais, perda de audição, tremores musculares, paralisia cerebral
e até a morte. Como o mercúrio é utilizado na extração do ouro,
muitos trabalhadores de garimpos são intoxicados por este elemento
químico. O cádmio, bastante citado em noticiários por fazer parte
da composição de baterias de telefones celulares, pode causar
intoxicação aguda ao corpo humano, sendo que seus efeitos mais
marcantes são os distúrbios gastrointestinais (dores abdominais,
náuseas e vômitos) e paralisia renal.
O tratamento para intoxicações causadas por chumbo, mercúrio e
cádmio está basicamente centrado na utilização de antídotos, que
são substâncias químicas de diferentes classes. Algumas destas
substâncias recebem o nome de agentes complexantes ou quelantes e
podem ser naturais ou sintéticas. Quando chegam ao organismo,
esses antídotos se ligam aos íons metálicos que causam a
intoxicação e formam compostos de elevada estabilidade que depois
são eliminados, em geral pela urina. Alguns exemplos de
complexantes são a penicilamina, o EDTA, o dimercaprol e o ácido
2,3-dimercaptosuccínico (DMSA).
Apesar de existirem antídotos, é de vital importância a rígida
atuação dos profissionais ligados à saúde, sobretudo em ambientes
de trabalho, para evitar que trabalhadores com pouca instrução e
conhecimento venham a ser contaminados por metais como chumbo,
mercúrio e cádmio.
Antonio Carlos Massabni
Instituto de Química – Araraquara - UNESP
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